FLIPortela festeja a diversidade da cultura popular
Em um clima de absoluta harmonia e emoção, milhares de pessoas prestigiaram a 1ª FLIPortela / Festa Literária da Portela realizada nos dias 20 e 21 de abril. Nem o fato de estar em pleno feriado de Páscoa desmobilizou autores, editoras, convidados, debatedores, participantes e grupos musicais que garantiram o sucesso do evento. O mote geral de todos era: “vida longa à FLIPortela”.
Logo na abertura, o presidente Luis Carlos Magalhães agradeceu ao Departamento Cultural pela ousadia de levar à frente um evento ambicioso na proposta e no tamanho e também a todos os colaboradores que tornaram o sonho uma realidade por meio do financiamento coletivo.
Desde a primeira mesa do sábado, a emoção se fez presente no relato de práticas leitoras nas periferias. Como professores fazem para interessar os alunos com atividades que despertem o interesse para a língua portuguesa, a literatura, às vezes com auxílio de outros suportes, como citaram as professoras Kishnoray Lopes e Jacqueline Oliveira da Silva.
As vozes suburbanas tiveram vez com um animado debate, parte da programação do projeto Molhando a Palavra, enquanto na Taverna Poética, diversos autores mostravam essa arte ao vivo, sem mediação, em contato direto com o público, num ambiente democrático e regado a chope artesanal.
A Festa misturou projetos autorais, editoras, poesia, música, debates, oficinas para crianças, jovens e adultos e teve ainda a Biblioteca Sesc disponível durante toda a duração do evento. Escolas da região também mostraram em exposição a concepção dos alunos para a diversidade da sociedade brasileira em geral e da carioca, em particular.
Durante os dois dias se debateu a academia, samba e seus personagens, carnaval, a questão do financiamento, cultura da periferia, manifestações africanas, a alma carioca através de sua cultura popular, o chorinho como arte brasileira, o jongo (com direito a roda) e também o maracatu, com a apresentação catártica dos Tambores de Olokun, que encerrou a FLIPortela, já no domingo de Páscoa.
Estiveram presentes como convidados ou debatedores professores do quilate de Luiz Antônio Simas e Helena Theodoro, escritores e biógrafos e pesquisadores como Vagner Fernandes, João Baptista Vargens, Marília Barboza, Onésio Meirelles e João Gustavo Melo, blogueiros e ativistas, como Elika Takimoto, jornalistas atuantes no carnaval como Leonardo Bruno (jurado do Estandarte de Ouro), Aydano André Motta, Fabio Fabato, Anderson Baltar, e artistas como um dos carnavalescos da Grande Rio para 2020, Leonardo Bora.
Entre um debate e outro, as pessoas compravam livros, acessórios, arte, ou se confraternizavam na Praça Manaceia com alguma das barracas de alimentação ou os quitutes da Tia Neide, como a famosa galinha com quiabo e angu.
Na parte musical, além dos Tambores de Olokun, participaram ainda o 100% Suburbano, o Glória ao Samba, que fez uma roda de samba no estilo tradicional, bem na entrada da quadra da escola, debaixo da Águia Altaneira. O sábado foi encerrado com um show das meninas poderosas do Moça Prosa, com participações de luxo da cantora Grazzi Brasil.
O diretor cultural da Portela, Rogério Rodrigues, confessou que demorou um certo tempo para entender tudo o que se passou na quadra naqueles dois dias de abril de 2019. “Precisei ler, ver imagens, ouvir histórias e depoimentos para compreender e mensurar o alcance deste grande desvario em forma de sonho que foi idealizar e realizar um evento como esse.” Rodrigues agradeceu a todos os colaboradores que se empenharam para que a FLIPortela se tornasse realidade. “Temos certeza de que abrimos um novo capítulo de como a Portela valoriza sua função de Grêmio Recreativo, o que nos dá o estímulo necessário para repetirmos a dose no ano que vem.
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