O “outro” Benjamin de Oliveira, 1928

Portela de Tempos Atrás

Na década de 20, quando Paulo Benjamin de Oliveira, o Paulo da Portela, firmava sua carreira como compositor de sambas, líder comunitário e fundador do Conjunto de Samba Oswaldo Cruz, um outro negro, também cantor e compositor, já era ator reconhecido no Brasil. Na época, algumas pessoas chegaram a confundir os dois personagens. Trata-se de Benjamin Chaves, cujo nome artístico se tornou Benjamin de Oliveira.

Nascido em 1870, no Estado de Minas Gerais, Benjamin de Oliveira chegou ao Rio no início do Século XX, como membro de um dos muitos circos onde trabalhou. Em 1910, teve quatro composições suas gravadas pela “Columbia”, todas em gênero sertanejo. Além de atuações circenses, Benjamin de Oliveira participou da encenação de várias peças e chegou a protagonizar personagem do romance “O Guarani” para uma produção cinematográfica.

Abaixo vemos uma publicação do jornal “A Manhã”, de 31 de janeiro de 1928, intitulada “A festa dos ‘Cócósinhos’ no Democrata Circo”, onde Benjamin de Oliveira é anunciado como atração da peça “Collar Perdido”, apresentada em festival cultural. Benjamin foi um dos primeiros negros a ser reconhecido como ator teatral e circense. A relevância de seu trabalho pode ser comprovada por publicações de jornais e revistas da época.

Para quem achava que o “outro” Benjamim era só uma lenda, aí está a prova histórica.

Artigo do Jornal A Manhã

Na próxima publicação uma nova descoberta mudará a história de uma composição muito conhecida e cantada nas rodas de samba dentro e fora da Portela. O samba é de autoria de Paulo da Portela e um compositor portelense ainda vivo. No entanto, o famoso samba não foi composto por um dos membros da parceria. Com esta descoberta as gravadoras terão de mudar os encartes dos CDs que trouxerem a música. Qual será o samba? Quem serão os verdadeiros compositores da obra? Veremos em breve aqui, no “Portela de Tempos Atrás”.

Marcello Sudoh – Presidente do Consulado da Portela no Japão

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