Clara Nunes

Portela na Lapa em agosto faz tributo a Clara Nunes e seus compositores

Portela na Lapa

O mar vai serenar na quinta, dia 10 de agosto, a partir de 21h, quando o Departamento Cultural da Portela realiza a quarta edição do projeto que leva à noite mais movimentada da cidade um pouco do samba com jeitinho do subúrbio carioca. O Portela na Lapa, realizado no Espaço Multifoco, é uma roda de samba em episódios, durante as quais a atual campeã do carnaval reconta e canta sua história e seus grandes personagens.

Depois dos baluartes da raiz da escola, o evento faz um tributo à Clara Nunes e aos compositores responsáveis por tantos de seus sucessos. A Guerreira, que completaria 75 anos no dia 12, foi uma das mais destacadas intérpretes nacionais nos anos 70 e 80 e tinha forte identificação com a Águia Altaneira, de quem chegou a ser intérprete oficial no carnaval de 1972, com o até hoje cantado samba-enredo Ilu-Ayê, Terra da Vida.

Mineira de nascimento, ela fez sucesso jovem por conta da voz. Chegou ao Rio em meados dos anos 1960 e fez programas de rádio e TV até conseguir um contrato com a gravadora Odeon, na qual permaneceu até o fim da vida. Começou cantando boleros, mas sua aproximação com o samba e as escolas fizeram dela uma das cantores que mais pesquisou o cancioneiro popular e a música das religiões de matriz africana, tendo se convertido ao Candomblé. Nos anos 1970, gravou o sucesso Tristeza e Pé no Chão, de Armando Aguiar, que virá de Juiz de Fora, onde reside, para participar da homenagem. O Cultural também terá a honra de receber Toninho Nascimento, autor em parceria com Romildo de Conto de Areia, um dos maiores sucesso de Clara.

A ligação de Clara com a Portela era mais que uma relação entre escola de samba e artista torcedora. Ela foi uma das que mais gravou canções de compositores da escola e o sucesso de 1981 Portela na Avenida contou com a participação da Velha Guarda. Sua morte precoce e inesperada no sábado de aleluia de 1983 levou mais de 50 mil pessoas à quadra da escola em meio a uma comoção. Um ano depois, a Águia vencia desfile de domingo do Carnaval de 1984 com o enredo Contos de Areia, que a trazia como uma das homenageadas.

Como tem ocorrido nas outras edições, a parte musical do evento ficará por conta do Conjunto Praça XI, sexteto que se dedica à pesquisa e execução de sambas dos antigos compositores das escolas de samba e da época de ouro do rádio. O repertório inclui sambas de terreiro (ou de quadra), sambas de enredo dos primeiros tempos das escolas e partido-alto, inclusive músicas inéditas, recuperadas da memória dos personagens ainda vivos daquela época. O objetivo é mostrar obras esquecidas e valorizar o nome de compositores, alguns praticamente relegados ao anonimato.

O diretor Cultural da Portela, Rogério Rodrigues, ressalta a importância do Portela na Lapa. “Este projeto é uma iniciativa para fortalecer os laços que sempre existiram entre a o bairro boêmio por excelência e o subúrbio da cidade e nada melhor do que a história da Portela contada e cantada”, afirma. Nas edições anteriores, os temas foram os primeiros anos de fundação, os carnavais dos anos 40 com a chegada de Candeia e da turma do Muro à escola e um tributo a Zé Kétti.
Rodrigues destacou ainda ter ficado muito contente com a confirmação da presença ao evento da atriz e cantora Clara Santhana, protagonista do espetáculo Deixa Clarear que conta a vida da Guerreira. Ele estreou no Rio em 2013 em memória aos 30 anos da morte de Clara Nunes e desde então fez turnês por todo o Brasil tendo sido assistido por mais de 100 mil pessoas.
Este ano o Portela na Lapa ainda vai acontecer em 12/10 e 14/12.

Serviço:

Portela na Lapa, episódio 4
Espaço Multifoco, av. Mem de Sá, 126 – Lapa
Dia 10/8, quinta-feira, a partir de 21h
Apresentação: com participação de Luis Carlos Magalhães
Ingresso comprado online: R$ 22 (https://appticket.com.br/portela-na-lapa-4)
Ingresso na porta: R$ 30

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